09/11/2007

Turbilhão


Não quero saber desses redemoinhos que agitam as noites trazidas no peito. Noites? Mas é dia! Não. Breu meu interior. Quero óculos escuros com proteção UVA/UVB, para impedir que a radiação emitida pela angústia corroa essas retinas que ainda extrapolam o vazio que carrego. Os cílios precisam ser bem cuidados -varrem a poeira de tudo que encontro pela frente. Droga de pensamentos confusos! Que texto é esse? Ah! Estou tentando falar do turbilhão que sacoleja as entranhas, cerração da alma. É dia! Fico pior durante o dia. A claridade ofusca as pestanas carcomidas pelas traças que se acumularam ao longo de minha cegueira e as pupilas que tanto protejo, mofadas pela umidade das lágrimas constantes escorrendo no leito de meus ais. Hoje bateu vontade de olhar pra trás, cruzar outras veredas. Anseio de escancarar janelas, vislumbrar novos horizontes. Madrugada! Nas noites insones divago alucinada, querendo fazer da vida passada o que não mais pode ser. Vou esperar a aurora. Quem sabe, ao acordar desse devaneio real, possa sentir o cheiro do vento trazendo boas novas. Talvez o calor da estrela tenha gosto de novos abraços. Meus braços dando voltas em mim. Fungos morrendo e bactérias vencidas pelo antídoto que hei de encontrar. Se meus óculos com proteção UVA/UVB permitirem ver o sol raiar.







Imagem: Mariah

19 comentários:

storytellers disse...

Que belo turbilhão de vida este texto. A curva sinosoidal vai-se repetindo e repetindo nas nossas vidas. O pico da curva é o turbilhão, a sua base a claridade serena. Balançamos entre os dois tantas vezes, se calhar é por isso que estar aqui até tem piada.
Beijos grandes, a "anja"

Pena disse...

Linda Amiga:
Interroga-se sobre a existência como os grandes pensadores(as). É normal e habitual fazerem-no.
O vazio que carrega é muito terno, profundo e belo.
Embora duvide tem uma Alma terna e gigantesca de talento contido nela. Admirável, mesmo!
De dia, olhe também sinto uma certa ofuscação vivida por noites em que finjo pensar ou penso.
Penso, que visualizará novos horizontes de si de que não tem necessidade, mas que lhes suscitam bem-estar, quando decidir e quiser porque o seu talento é gigantesco. Enorme!
Parabéns!Sentido versejar. Lê-se agradavelmente.
Um Bem-Haja feito de delícia
Beijinhos amigos e sinceros de grandiosa estima e encanto
O Sempre presente aqui e no que é.

pena

ex-amnésico disse...

Você jura que acha difícil (xeretei um comentário seu, desculpa)?!
Imagine se fosse fácil! Viajo no caleidoscópio de suas palavras, sensações, sentidos...


Também indiquei aqui, tá?

Bjo.

Oliver Pickwick disse...

Me impressiona a sua maneira de compor uma simples frase, a escolha de cada palavra. É como um músico, compondo uma melodia: essa nota, não; essa nota, sim; buscando, sempre, a harmonia perfeita.
Música, maestro!
"Hoje bateu vontade de olhar pra trás, cruzar outras veredas. Anseio de escancarar janelas...", em *Turbilhão*.
Play it again, Fernanda!
"Já disse que meus olhos não alcançam mais tuas retinas; [...] Eu avisei que amor não se alimenta de rabiscos ou de suspiros...", em *Missiva*.
Tenho certo receio da melancolia intensa - cingida em cada palavra, frase, tão realística, como se quisesse transcender a inspiração.
Usei os asteriscos porque você, uma menina má, não liberou as tags de html. Contudo, nos seus textos você usa negrito, itálico, etc.
Um beijo e tenha uma boa semana!

benechaves disse...

Tua linguagem é cortante, Fernanda, tanto em 'missiva', como em 'turbilhão'. Duas prosas que rasgam o instante vivido ou pra viver. Belas composições!

Um beijo incisivo...

Adryana Araújo disse...

Vc escreve com tanto sentimento, tanta verdade...

Adoro seus textos, amiga!
Beijão!!!

Paulo Fernando disse...

Seus óculo permitirão, sem dúvidas! Aliás, se me permite, fiquei hipnotizado no transcorrer dessas linhas insalubres. Quanta coisa numa coisa só, hein!

Bjos, minha querida!

o Cronista disse...

mto bom seu blog,
tem um poesia latente,
mto sensivel e prática!

Vais disse...

Olá Fernanda,
cê vai lá no fundo onde se encontra uma nesga de amanhecer,
"Fungos morrendo e bactérias vencidas pelo antídoto que hei de encontrar. Se meus óculos com proteção UVA/UVB permitirem ver o sol raiar."
Doido e lindo! risos
Abraço

R Lima disse...

Há prêmios e reconhecimentos no AveSSo. Passa por lá e confere as indicações.


[ http://oavessodavida.blogspot.com/ ]

O AveSSo dA ViDa - um blog onde os relatos são fictícios e, por vezes, bem reais...

AB disse...

Cada vez melhor, Fernanda!!!

Oliver Pickwick disse...

Nada de novo pra ler. Pelo visto anda meio-ocupada, hein garota?
Voltarei depois.
Um beijo, e tenha a melhor das semanas!

Anônimo disse...

escancare as janelas, vislumbre os novos horizontes! isso faz um bem...

Anônimo disse...

Vivo dos vazios, das vaidades, dos vestígios vesgos das minhas vertigens.

Parabéns.

pentelho real disse...

isso parece não estar muito bem. espero e desejo que vejas o sol.

por aqui também tudo muito confuso.

Elton Pinheiro disse...

...vim da Revista Malagueta. Parabéns pelo belíssimo texto, [Reflexo].

[ ]s

Bárbara Lemos disse...

Que estilo de escrita transbodante tu tens. Intenso, empolgante... maravilhoso. Adorei conhecer teu lugar. Virei mais vezes.

Beijo meu.

vais disse...

Olá Fernanda,
bäo?
vou te falar, leio este texto e sinto o meu turbilhäo nas suas palavras
muito bom
beijo grande e tudo de bom

Vais disse...

Ô Fernanda,
saudades, moça!
Estou levando este Turbilhão
um beijo e tudo de bom