29/11/2007

O que é


Era pra ser vento efêmero que tinge o rosto de tempos vindouros ou lembrança passageira se acomodando em istmos de ontem e depois. Nada além de rajada lunar a clarear as noites boêmias poderia ser. Nem mesmo fagulha solar incendiando um lindo sorriso na face inóspita. Devia ser breve como chuva equatorial, fugaz frente fria que toma conta dos trópicos vez por outra.

Acabou sendo verão na metade dela que era inverno e refrescou a parte coruscante que a levava por caminhos desconhecidos em busca de algo que nem se sabe. Criou raízes fundas, fecundas e todos os dias brotam pétalas de quereres, punhados de sonhos, rios de ilusões.

Folhas de esperança germinam cotidianamente desde então. São alimentadas pelos riachos de todo dia que regam suas raízes de amanhã.





Imagem: Kharlamov Sergey

8 comentários:

Oliver Pickwick disse...

Humm... apareceu a Margarida. De férias, garota?
Bonito texto, Fernandinha! É praticamente uma poesia em prosa, exibindo um mistério encantador.
As férias não amenizaram a sua verve, muito ao contrário.
Um beijo, e tenha a melhor das semanas!

Walter disse...

fiqueir preso a este texto...e dp perdi-me nos outros...sao belissimos!
walter

000000 disse...

Deve ser o efeito estufa, está acabando com o equilíbrio. Mas se fossemos equilibrados, para variar, seríamos um tanto sem graça. O negócio é continuarmos correndo com pesos e sacos de trigo nas costas, tentando, inutilmente, equilibrar essa vida, por demais insana. Isso é que é o viver. Ou talvez sejam prenúncios de loucura e esquizofrenia. Quem sabe?

Adorei a prosa, poesia... texto, que você escreveu aí. Andei ausente (?), mas já estou voltando. E como diria meu velho amigo e governador da Califórnia: "Ai uiu bi béqui".

Pena disse...

Doce Amiga:
Quando fala do tempo que passa paradisiacamente por si, germinam a esperança e a delícia de lê-la com ternura.
É deliciosa!
Obrigado por existir.
OLhe, beijinhos amigos de fascínio
Respeitosamente


pena

o Cronista disse...

regando as raizes do amanha?

q nasçam belas flores!

ZeN SaLLes disse...

Brigadaço pelo SIMPÁTICO elogio que vc fez ao meu “HABITAT”. E vc, pequena, é tipo um ‘GENÉRICO’ da Clarice Lispector (no bom sentido, é claro)... CHAPEI com a tua ESCRITA contundente e perturbadora, tipo edição de LuXo, coisa de gente GRANDE... Um dia eu CHEGO lá! Até pq eu só tô mesmo ENGATINHANDO nesse espaço virtual, só escrevo no BloG pra poder EXORCIZAR os meus GNOMOS. E eu vou até separar um tempinho nesse fim de ano pra dá uma ESPIADA em tua ALMA verbalizada, posso? Já me sinto CONTAMINADO pela tua letra e BAIXANDO nesse teu TERREIRO virtual de quando em vez. E eu vi que vc tb é cria da ILHA encantada... Só podia ser. SORTE a nossa, né? Hehehe...

Edson Marques disse...

Os riachos do cotidiano viram rios do sempre!



Belo texto!


Abraços, flores, estrelas..

Anônimo disse...

olá, Fernanda!

"era pra ser breve,
mas criou raízes..."

Parabéns pela prosa e pela cuidadosa confecção / elaboração do blog.

Visite o meu blog, quando puder e quiser:
http://olugarqueimporta.blogspot.com/

Um beijo, e excelente entrada de ano pra vc!


Marcelo Novaes