Nunca mais! Entendeu?
Já disse que meus olhos não alcançam mais tuas retinas; que, surda, ignoro o eco das letras que chegam por um carteiro qualquer e meu tato se excita em sentir o prazer mórbido de triturar tuas palavras.
Eu avisei que amor não se alimenta de rabiscos ou de suspiros. Aliás, não sei do que se nutri e nem me interessa. O que entendo mesmo é que amor existe na cotidianidade das horas, nos interstícios da vida. Não tem conceito, definição. Vivi-se simplesmente. E mais, alertei que o fogo da nossa paixão reluzia por conta das cinzas, ainda quentes, que éramos quando nos encontramos.
Mas nada foi suficiente. Não ouviste as linhas, entrelinhas, frases e palavras soltas por essa boca que ansiava por teu toque, nem o silêncio gritante que se mostrava toda vez que meu corpo se delineava ao teu.
Sinto muito. Não me venha pedir pra esperar. O tempo é traiçoeiro e as noites, intercaladas aos dias, não me permitem tamanha sensatez. Além disso, sempre fui espaçosa, solta e tu sabias. A paixão que nos unia era resquício de nossas cinzas, eu já era pó quando chegaste.
Ora, poeira é coisa errante, dispersa. Alastra-se por todos os cantos, mas nunca deixa de ser – só se mistura às comparsas que vai se deparando nessas viagens incessantes.
Em meu peito não tem mais lugar pra ti. É um novo peito, nova carcaça. A veste que te cabia, nem uso mais. E se tenho vontade de rasgar tuas cartas, é porque não encontro nelas vestígios de ti nas longas declarações que sussurram. Essa que te responde, não é mais aquela que deixaste. Tu nem existes pra mim.
Adeus.
Imagem: Sue Anna Joe
25 comentários:
"Sinto muito. Não me venha pedir pra esperar. O tempo é traiçoeiro e as noites, intercaladas aos dias, não me permitem tamanha sensatez. Além disso, sempre fui espaçosa, solta e tu sabias. A paixão que nos unia era resquício de nossas cinzas, eu já era pó quando chegaste."
Pó... e pó a gente tira, com pano úmido.
Beijosssss
Porra, Fernanda, desculpa a expressão, mas não posso evitar: du c...! Um longo e definitivo adeus. Beleza, guria.
As ridículas cartas de amor. Eu também escrevi ridículas cartas de amor. ;)
Concordo contigo, o amor e o desejo são coisas construídas e cultivadas cotidianamente, com carinho, atenção, tesão, sintonia e tantas outras coisas, que o cidadão em questão não soube entender, ou talvez até não quis, e por conta disso: - Perdeu vacilão.
Obrigado pelos elogios generosos por lá, gostei muito dessa tua casa, aparecerei + por aqui.
Beijos.
"A paixão que nos unia era resquício de nossas cinzas, eu já era pó quando chegaste."
com sinceridade, eis seu melhor texto.
adorei essa nova forma de escrever, a nova cara do blog, tudo!
se já era bom, agora está maravilhoso.
parabéns!
Ah obrigado pelas visitas ao rotineiro, eu ia atualizá-lo, mas essa seria a vez do hugo postar,como ele não o fez até agora, talvez eu post novamente, mas antes tenmho q acertar c ele.
Mas pode continuar indo por lá. Vc é muito bem vinda com seus comentários e reflexões!
Bjos.
Romântico na dose poética certa.
Bonito! Beijo
Querida Fernanda, o ato de dizer adeus na verdade perece ser uma desesperada tentativa de se querer esquecer o inesquecível.
Amiga quero te pedir desculpa por algo que não sei explicar.
Você me disse que fez um comentário no poster do meu blog "Che vive", ocorre que todas as postagens de comentário eu as tenho no meu outlook , e seu eu tenho nos posters 'Utopia viável" e Rui, ontem hoje e amanhã.
Então amiga não sei o que ocorreu, até porque é sempre um grande prazer publicar seus comentários.
Bjtos
Xico Rocha
Eu disse um adeus, desses bem dados e de com força, na hora do cara ir embora disse "toma isso aqui" e dei a calcinha que estava vestida.
Veio um flash do meu futuro velha e sozinha e fiquei apavorada. Disse um "adeus, quem sabe até mais tarde. BEM mais tarde"
Faz alguma coisa pela "justiça" brasileira.
Flávia vive em coma e a "justiça" brasileira também.
(a resignação é parar a evolução, David Santos, in tempos de sempre)
Obrigado
David Santos
Simpática e doce Fernanda:
Pela deslumbrante beleza e pureza de sentimentos decorados pela magia de um talentoso e sentido versejar, não compreendo esta Missiva/Carta tão pessimista e desencantada.
O sucesso mora em si. A beleza habita-a noites adentro contemplando as estrelas e os astros com um fervor intenso, maravilhoso e único.
Porquê?
Dou voltas e revoltas aos pensamentos e sentimentos e não vejo motivos válidos.
Alguém lhe fez mal que tenha provocado este conjunto de emoções desencantadas da vida?
Quem? Só alguém dotado de muito mau carácter ou ausência de um sentir digno de si.
Porquê?
Desculpe, se puder ajudar, dar-lhe-ei o meu ombro, porque também eu choro. O meu lacrimejar quando acontece é verdadeiro e sincero.
Como adoro lê-la! Sentir o que jorra da sua apuradíssima Alma e do seu terno coração.
Vá. Força! Acredite que a vida é bela e que tem um poderoso e gigantesco sentir e ser. Indescritível!
No que puder auxiliar...!!!
Beijinhos amigos de muita estima, dedicação e encanto.
Vá. Força!
Eternamente...!!!
pena
Escreve como ninguém!
Pena, meu querido amigo. É tudo inspiração poética. Às vezes totalmente ficção. Não sinto essa melancolia, essa tristeza. Mas ela me inspira. Nem eu entendo o motivo!
rsrsrs.
Beijos pra vc.
Certeiro, sem muitos rodeios, o papel onde escrevestes sentiu a dor.
Sangrou?
Beijos!!!
O amor, esse «fogo que arde sem se ver», não só existe na "quotidianidade das horas" como, também, no desassossego das emoções e em olhares ceguinhos de choro.
Afinal...o amor não se inventa nos lugares mais inquietos dos nossos segredos. O amor acontece e está para além do dominio da nossa vontade...
Amar e ser amado, que ventura
Não amar e ser amado, triste horror
Mas..., há pior que a noite escura:
Amar alguém que não nos tenha amor.
Obrigado pela visita.
Beijo
Paulo Sempre
Portugal
Livro: "cartas Portuguesas" de Mariana Alcoforado.
A autoria destas cartas (agora em livro) é atribuida a uma freira portuguesa de seu nome Mariana do Alcoforado, e são dirigidas a Noel Bouton, conde de Saint-Légerum, militar, destacado para servir em Portugal em 1665.É uma história de amor que, apesar de não correspondido, se manifesta nestas cartas com tal intensidade e arrebatamento que surpreende até os mais indiferentes.
Beijo
Paulo Sempre
"Sinto muito. Não me venha pedir pra esperar" - exatamente!
eu precisava ler isso, caiu como uma luva!
lindo seu cantinho.
parabens
beijos
Vontade de desamar, só para falar tudo o que você escreveu, de tão cabível, FERNANDA!
Maravilhoso blog.... adorei mesmo.... =)))
Vi teu blog lá no Blogs Literários, vem entre na lista de discussão tb, vai ser bom colocar este projeto pra frente !!!! =)
Bjus
Às vezes é preciso dizer basta...adeus...
Doce beijo minha amiga
Será que ele ou ela ainda existe em seus pensamentos?será que você ainda gasta papel, caneta e pensamentos nele(a)?
ou foi apenas imaginação??
Intrigante!!!
beijos
Auíri Au
Fortissimo teu texto.
Adorei!
bjo
Nossa, que texto lindo!
Curti cada palavra... parabéns!
Ficção ou não, relacionamentos que terminam precisam de um fim. Por mais redundante que seja, quis dizer que as histórias abertas são como feridas abertas. Há que cicatrizar!
Este sem dúvida não foi um falso final. Não é daqueles do tipo: "Veja como estou bem!..." Foi desprezo verdadeiro!!! (Ou pelo menos foi a minha interpretação...)
Obrigado pela passadinha lá na minha "casa". Não escrevo com a frequência que pretendia, mas estou sempre lendo os blogs amigos. E o Amnésico é um deles. Ele exagerou um pouquinho por conta de nossa amizade.
Bj!
Essa tua carta de desamor me deixa zonzo! Fico imaginando como seria ter as ilusões cortadas tão linda e definitivamente... rudemente belo!
Seu fã também, saiba. Brinde ao talento!
Beijo.
Que coisa linda esse texto..me emocionou muito...
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